quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Páginas em branco.

Se escondia por detrás da minha ansiedade, todo meu passado e meu aprendizado que não parece recente. Eu já ia tentando de novo.
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Então eu fechei o livro e ela ainda não tinha dormido; No primeiro momento assustei, mas ela balançou a cabeça como se implorasse para que a leitura continuasse.
Prossegui com a leitura, que parecia infinita, mas a minha bela princesa parecia em alguns momentos risonha e inquieta a cada capítulo , percebi que tinha ouvido um suspiro de choro enquanto lia a parte mais interessante , me atrevi a observá-la por cima do livro para identificar o barulho estranho que ela fazia sob as cobertas . Ela se tocava e pedia pra eu ler mais, aquilo não me excitou, porque a cena não se comparava ao que eu estava lendo. Então continuei até que um suspiro alto me interrompeu. Minha querida amiga tinha arrepiado com o frio que entrava pela janela de cortinas vermelha ao lado de sua cama. Perguntei: frio? E ela disse com os olhos fechados e uma cara de satisfação: Também ... 
Minha princesa então adormeceu! 
Resolvi ascender um cigarro pra tragar tudo que eu havia lido, aquele livro era forte, e eu não me conformava com o conteúdo obsceno , triste , questionável e sombrio. 
Percebi que nas últimas linhas a tinta era mais forte , um vermelho lindo, quase sangue, e era escrito com uma letra legível . Um livro diferente, de ultimas páginas novas, e eu me perguntei se havia alguma coisa escrita naquelas páginas de neve , mas meu sono alcoólico não me deixou abrir. Acordei as seis da manhã sem saber direito onde estava , então uma senhora de olhar malicioso aparentando uns oitenta anos me pergunta: Filho, você quer café ou mais rum? Eu realmente não sabia quem era aquela senhora estranha , então ela beijou a minha testa e disse: Obrigado por ler seu diário, agora já pode ir embora e compartilhar suas tristezas...