12/1941.

Gosto de músicas antigas, quando no fundo ouço o chiado de vinil. O vinho nem pode mais ser caracterizado como seco ou suave, e nem o barulho da chuva é o mesmo.
A cada dia que passa, eu me afogo mais em meus pensamentos como um desespero com “eco”. Preciso acelerar a minha vida, mas também preciso te achar. Não quero ficar sozinho se eu não tenho culpa.Eu amo mais de três pessoas, e sei que isso é normal,afinal, elas são tudo que tenho.
Obedecer nunca foi o meu melhor, e hoje eu sou mais do que obrigado a fazer o que eu não quero. Preciso parar de inventar que sinto gosto de vinho diferente e ouço musica antiga, sendo que nem isso eu tenho. Não sou orgulhoso de ser referencia para o futuro, pois o meu presente é tão mórbido quanto à destruição de alguém que nem mesmo nasceu.
Agora não gosto dessa sala, e porque estão todos pelados? Eu sinto um pouco de sono nesse minuto de decadência. Meu deus, eu não consigo mais pensar em nada a não ser nas minhas três meninas. Eu as amo e não sei se elas já passaram por isso.
Só queria que o mundo soubesse a importância do sigilo sentimental e espiritual. Você não é perfeito, e nunca será arte enquanto estiver vivo. Em alguns segundos serei uma arte, uma arte que quando viva, era maltratada por expressar seu amor à sua mulher e filhas. Uma arte que teve a inteligência de tentar buscar uma vida melhor em outro país, e ter a burrice de acabar com desconhecidos em uma câmara de gás.